Afinal o que se pode entender por tecnologias educacionais?

O artigo nos convida a uma reflexão sobre o como entendemos as tecnologias educacionais e se elas estão presentes somente nos recursos digitalizados, além do seu impacto na produção e curadoria de cursos online.

João Carlos Alcântara

3/24/20253 min read

Quando pensamos em tecnologias educacionais, somos automaticamente remetidos ao digital e isso acontece dada a cultura emergente dessas tecnologias (ou TDICs - Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação) em nossa realidade. Essas tecnologias digitais compõem o que gosto de chamar de o hall das tecnologias emergentes na educação, mas obviamente não são as únicas.

O estudo de Filosofia despertou o meu interesse por tentar entender a razão e o contexto de ser de fenômenos à minha volta, o que me leva a refletir sobre o conceito das tecnologias. E para começar a reflexão nessa postagem, gostaria de pensar a partir da etimologia das palavras que compõem o conceito de tecnologia, para assim, compreender a sua construção e significação na língua.

Nesse sentido, a etimologia da palavra tecnologia está na junção de três palavras em grego:

  1. Tekhné: Que em sua tradução está ligada à arte, habilidade, técnica, ou seja, o jeito de fazer algo e até mesmo um ofício.

  2. Logos: Que se traduz como o argumento, discussão, razão, sabedoria etc.

  3. E ainda temos a Logia: Que se traduz como estudo e compreensão e deriva diretamente do conceito de logos.

Partindo desse ponto de vista, a nossa visão conceitual de tecnologia fica mais abrangente, pois ela não engloba somente as ferramentas tecnológicas digitais e próprias do nosso tempo, mas nos permite considerar as tecnologias analógicas, entre elas temos: os estudos, as metodologias, as técnicas, as aplicabilidades e uma série de outros fatores inerentes à educação.

Neste sentido, para nós profissionais da educação, seja ela corporativa, acadêmica ou técnica, esse pensamento nos conecta com nossas práticas profissionais, técnicas e docentes na produção e disseminação do conhecimento. Esse movimento acontece quando refletimos e recorremos aos métodos, teorias, técnicas e sua aplicação no ensino e na produção de recursos educacionais.

Quando falamos e pensamos na tecnologia, antes temos que ter em mente que ela está na raiz daquilo que fazemos, está no nosso ofício de educador e na ação desse ofício que é educar, transferir conhecimentos e saberes, transformar vidas e realidades, ou seja, no ofício embasado na técnica.

Com isso, quero dizer que tecnologias educacionais estão presentes em todas as etapas de qualquer projeto educacional, do começo ao fim, com o uso ou não dos recursos digitais, estando, portanto, fundamentalmente presente naquilo que é analógico e característico do ser humano.

Quer um exemplo? O uso das TDICs na educação exige o uso de outras tecnologias ou tekhné, como o planejamento.

Isso nos mostra que um programa de formação só vai funcionar bem se as coisas estiverem bem mapeadas, bem planejadas, com contextos bem compreendidos e público bem pensado. Não temos como gerar experiência de aprendizagem sem antes passar pela etapa do planejar para depois passar para a etapa do elaborar e nesta etapa recorrer, se necessário, às TDICs e hoje em dia às IAs.

Para concluir, penso que é impossível refletir sobre qualquer projeto educacional sem considerar o uso das tecnologias que estão para além do digital, afinal, mesmo em um mundo onde o digital está presente em quase tudo, temos os nossos momentos offline.

E você, o que acha? Concorda que as tecnologias educacionais começam antes mesmo do uso das TDICs?

Sobre o Autor

João Carlos Alcântara é Designer Educacional, com experiência ampla na educação corporativa e acadêmica. Formado em Filosofia e em Teologia de Jogos Digitais, está concluindo uma terceira graduação em História, um MBA em Gestão de Projetos e uma Especialização em Tecnologias Educacionais.